O primeiro contato que tive com alguém de uma igreja foi no 3° ano do ensino médio. Tinha três colegas crentes, Alessandra, Camila e Carina. Com exceção da Camila, que eu gostava de “pegar no pé”, nunca me incomodou o fato da crença delas, mas no meu íntimo eu achava uma insanidade. Eu não entendia como alguém escolhe abrir mão de certas coisas por um Deus que eu sequer vi ou senti. Insano, esse é o termo apropriado mesmo.
Me lembro que no fim daquele ano, eu e a Camila estávamos conversando sobre quais cursos cada um iria fazer, e para minha surpresa eu e a Camila colocamos as mesmas opções de cursos. Nenhum dos dois passou. Acabou o colégio, e perdi contato com boa parte da turma, incluindo minhas três colegas crentes. Fiz curso pré-vestibular noturno, onde conheci uma mocinha muito louca que ia numa igreja, mas não era crente como as crentes que conheci. Posteriormente aprendi a diferença entre crente e religioso. Mesmo assim, nos tornamos bons amigos durante aquele ano. Ela estava saindo de um relacionamento, e conheceu um cara no cursinho, que a enganou e a machucou ainda mais.
Eu tetava dar apoio, repreendia certas atitudes, mas me doía também ver alguém passar por tantas coisas ruins. Ela, apesar de não ser crente, sempre me falava de Jesus, e eu, cético, sempre refutava. Mas numa noite, pensando nos problemas dela, em tudo o que ela passou, vendo a fragilidade com que ela enfrentava as coisas, tomei uma decisão. Mesmo relutante, achando uma tremenda idiotice, orei ao Senhor: “ Bom... Jesus né... Enfim, tu sabe que a F. Está com problemas, se não soubesse não seria Deus. Então cara, dá uma força, ajuda ela. Ou... ou me torna um homem digno de ajudá-la.... amém.” Exatamente uma semana depois conheci um carinha no cursinho, de Seberi, interior do estado, que ia numa igreja. Pensei: "será? Será que essa é a resposta da minha oração?".
Então, falei com o Júnior, que prontamente me ofereceu carona até a igreja, além de estadia na sua casa (que depois vim a saber que nem era dele, e que as pessoas que estavam lá não eram nem parentes de sangue, só de Cristo). Bem, eu não tinha nada a perder, não ser uma noite de sábado. Fiquei surpreso com a quantidade de jovens que eu vi lá, e também com a maneira que fui abordado por quem o Júnior me apresentava: “Esse é o Rafa? Que alegria te ver aqui. Que o Sr abençoe a tua escolha!”. Uau! Que recepção! A única pessoa que me esperava era minha avó, pois enquanto eu não chegasse em casa ela ficava preocupada. Ali era diferente. Senti, mesmo não conhecendo ninguém, que eu era aguardado há muito tempo. Me senti importante, verdadeiramente importante pela primeira vez na minha vida.
Começou a reunião, e eu cético, fiquei analisando o comportamento daquelas pessoas. Tipo, as expressões faciais e os gestos eram de quem realmente acredita no Sr. Me senti bem deslocado, porque eu não acreditava nem um pouco. No meio do encontro, fui direcionado a uma salinha. Junto comigo foram o Júnior e o Daniel, que enquanto orava e louvava, respondia minhas perguntas sobre a prática cristã. Na sala, tinha eu, e se não me engano, mais umas seis ou sete pessoas que também não eram cristãos. Vi e ouvi todo o propósito de Deus para minha vida e o porque do sacrifício de Cristo. Foi-me perguntado se eu aceitava Cristo no meu coração. Por um instante eu hesitei, mas pensei: “se essa é a maneira que eu vou me tornar um homem digno, então sim, eu aceito”. E aceitei! Me lembro que quando fui dormir, eu e o Júnior conversamos por um bom tempo, visto que eu tinha muitas indagações. Mas dormi me perguntando porque eu tava fazendo aquilo. Eu sentia que tinha que fazer, mas não sabia nem entendia o porquê.
No outro fim de semana, fui novamente, sem carona, sem hospedagem, só fui. Queria mais, queria saber mais, entender o que estava acontecendo. O tio Márcio então me apresentou o Ed, que veio a ser meu discipulador. Para você que não é cristão, a igreja é (não sei se literalmente) a continuidade da igreja de Jesus, quando ele estava na terra. Jesus fez 12 discípulos e ensinou tudo a eles. Eles fizeram mais discípulos e foi ensinado tudo a eles, que fizeram discípulos... O discipulador é como um pai espiritual. É através dele que o Espírito Santo te ensina. E foi com o Ed que eu vim a conhecer melhor esse novo mundo que estava sendo apresentado. Mas por mais que eu aprendesse, sempre ficava essa lacuna. Por que eu estava fazendo aquilo? Eu simplesmente fazia, mas não compreendia.
Tentei novamente vestibular, novamente para história, e novamente encontrei a Camila. Novamente não passamos. Nesse ano fiz cursinho pela manhã. Conheci outros irmãos que me acompanharam nessa jornada de vestibular: Ingrid, Stobbe, Leo, Thy, Silas, Fernanda. E junto conosco já estavam os conhecidos Júnior e Camila. Estudamos e oramos muito naquele ano. Mudei o curso que iria fazer de História para Ciências Sociais. Contei aos meus irmãos a mudança, e eis que a Camila também tinha se inscrito para o mesmo curso. Passei no vestibular. Alias, eu e a Camila passamos. Eu para o noturno e ela para o diurno. E mesmo nesse ano abençoado, ainda assim eu não entendia porque eu estava fazendo aquilo. Por que me tornei cristão? Eu nunca acreditei em nada, então por quê?
Esse não esclarecimento, somado a falta de oração e ao curso que acabei fazendo resultaram numa coisa: meu afastamento. E foi procurando por repostas sozinho que permaneci por três anos. Completamente perdido, embora meu orgulho (que não é pouco) não me permitisse perceber isso. Me desencantei com a igreja, me desencantei com o meu curso, me desencantei com o amor, me desencantei com a família, até que por fim, me desencantei com a vida. Nada, absolutamente nada me animava. Não via sentido em nada do mundo. Me senti novamente deslocado. O interessante, é que mesmo me afastando, deixando de orar, eu SEMPRE SENTI a presença do Senhor na minha vida, me protegendo e amparando. Me questionava porque eu entrei na igreja, e porque eu sai dela. Comecei a orar novamente, procurando as minhas respostas. E aos poucos elas vieram. Voltei a ler a Bíblia, conheci um blog chamado Rocha Ferida, onde, com uma palavra abençoada, tive as minhas perguntas respondidas.
Não entendia porque entreguei meu coração a Cristo. Entreguei, porque sentia que deveria fazer e só. Mas hoje, hoje acho que finalmente entendo... e sinto. Eu nunca pertenci a esse mundo, só não tinha sido colocado no convívio do Senhor. E uma vez que eu entreguei o meu coração, todos os meus conceitos mudaram. O mundo não me faz sentido, porque, naquela noite, eu escolhi pertencer a Cristo! Alguns de vocês vão me chamar de insano. Mas é isso mesmo. Esse é o termo apropriado!
Rafael, fico muito feliz que você se encontrou novamente, não em si mesmo, mas naquele que é o autor consumador da nossa fé. Epero que tu possas usar o teu testemunho para ganhar mais vidas para Cristo. Que Deus te abençoe e te guarde nos caminhos que ele tem preparado pra ti!
ResponderExcluirFico feliz em saber que faço parte da tua história com Cristo!
(hehhehe, é possível ser intelectual e não perder-se dos caminhos do Senhor!!)
Abraço!
Camila CS diurno.
bah Rafa, que benção teu testemunho! o Senhor não desiste de ti e nunca vai desistir.... estou muito feliz em ver tua posição por Jesus!
ResponderExcluirabraço!
Ingrid